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A constituição cidadã de 1988 criou uma série de
dispositivos com o objetivo de proteger a sociedade de abusos verificados durante
a ditadura militar. Uma dessas medidas está no artigo Duzentos e sete da
constituição federal e prevê autonomia didática e administrativa às
Universidades. Essa medida, que tinha como objetivo proteger os professores dos
abusos de um eventual poder ditatorial, criou graves mecanismos de proteção à corrupção e desmandos dentro daquelas
instituições.
Assim, criaram-se grupos de poder, que em geral manipulam
largas fontes de recursos por meio das Fundações de apoio. Os administradores
desses recursos podem criar empregos e fornecer bolsas aos seus amigos. Uma das
formas de se tornar amigo de um diretor de fundação é ser inimigo do inimigo
dele.
Assim, cria-se uma cultura de assédio moral. O desafeto do
diretor da fundação inicialmente tem acessos a recursos para seu trabalho
totalmente cortados. Posteriormente, passa a ser perseguido em suas atividades
mais corriqueiras, por algum chefete que se vendeu ao diretor das fundações por trinta
dinheiros.
A universidade possui mecanismos para que o perseguido se
defenda, Como ouvidorias e comissões de ética, mas todas essas instâncias estão
nas mãos dos donos do poder. Qualquer recurso irá absolver o assediador e punir
o assediado. Também existe o poder judiciário. Todavia, o assediado terá que
pagar o advogado do seu bolso, enquanto o assediador será defendido com o
dinheiro do contribuinte. Em regra geral, o assediado perde a ação por “falta
de provas” e devido a maior influencia do advogado do poder público.
Em Teresina, capital do Piauí estaria coagindo servidores a assinar uma
lista de apoio. Nessa lista eles declaram usar camisetas de apoio à reeleição
da reitoria em horário de serviço por “livre e espontânea vontade”. Oras, se a
vontade fosse tão livre e espontânea, a reitoria não precisaria de uma lista
dos apoiadores, para dessa forma perseguir os dissidentes.
A chapa de oposição fez uma queixa de assédio moral contra a
reitoria da Universidade. Todavia, essa queixa foi feita perante a própria
reitoria. Isso é mais ou menos a mesma coisa que se reclamar ao ladrão por
estar sendo assaltado. Lamentavelmente, o assédio moral é prática
institucionalizada em nossas universidades.